Archive for Dezembro, 2010

entre um e muitos

Imaginei sair de casa e ir até ao C.E.M sem haver um único coração a bater no caminho,a casa sem ninguém, a rua sem ninguém, o autocarro sem ninguém, o metro sem ninguém, a praça da figueira sem ninguém, o C.E.M sem ninguém.. De repente senti medo, angustia, pois naquele silencio tenebrososo os únicos sons que ouvia eram o acelerado bater do meu coração na ansiedade de encontrar alguém e os meus pensamentos.

Dou-me conta de que todos os que tocam os nossos caminhos fazem parte da nossa história e da nossa existência, senti falta daquilo que mais me enerva, o som alto da televisão assistida pela Micaela, o bater da bola lançada pelo Miguel contra a parede, as implicâncias do meu companheiro, os ralhetes rabugentos da minha mãe, o olhar cuscuvilheiro da senhoria, as histórias e lamentos no autocarro, os passos acelerados no metro,o frenesi da praça da Figueira, aquela musica da Mariana, os falares uns sobre os outros das mulheres e até a minha própria voz.

Entendi, que embora caminhos diferentes, pessoas diferentes, as que conhecemos e as que não conhecemos,musicas diferentes, maneiras de ser diferentes, todos balançam em conjunto como um só, num circulo que se abre deixando surgir histórias e que se fecha criando um vazio central como se fosse um refugio que pode ser ocupado por qualquer um ou por todos.

 

Deixamos de ser EU e os Outros e passamos a ser Nós,tocamos o espaço, o caminho, as pessoas, os corpos, as musicas, as histórias, a vida.
Esta história não é minha é nossa!!!

toca-feira

No último sábado houve o primeiro Toca-feira, encontro intergeracional do projecto TOCA na Casa dos Amigos do Minho, ao Intendente. 

Estive lá presente com minha família e a meu ver, pelo menos pela parte do nosso núcleo (Inter) achei que foi um sucesso! Aquelas mulheres todas ali??? Até a Branquinho foi!!!! É um feito histórico! Quanto aos outros núcleos, senti falta de crianças e em especial de velhinhos, pois eu adoro experiência e eles, melhor que ninguém tem experiências de vida e historias que me fazem voar no tempo. Quanto ao resto, acho que a Noveloteca deveria ter sido cá em baixo para haver uma maior relação entre os espaços e quem os ocupa.

E não menos importante ou talvez de maior importância mesmo, achei que houve algumas pessoas da equipa que se juntaram muito umas com as outras quase que não interagindo ou interagindo muito pouco com o público-alvo, e acho que nós equipa é que devemos chegar perto, conviver e incentivar para que  surjam relações entre todos.

Agora a minha opinião como mulher do Inter, adorei a experiência, o facto de estar ali com a minha melhor amiga, relembrar algumas das coisas que nos fazíamos e organizávamos, voltei a ser menina! Estar com os meus filhos também foi bom, a Micaela adorou a ideia da radionovela (ela adora novelas, e adora inventar histórias e dar asas à imaginação), e está tão ansiosa como eu para ver (ouvir) a “Simplesmente Albertina” estrear (e está com esperanças também de participar, pois o sonho dela é ser actriz). Quanto ao Miguel, para já ganhou um novo amigo, o Lyncoln, e chegou a casa, todo contente e ansioso por contar a todos que tinha feito uma entrevista à mãe na rádio e que o microfone era grande, e que o Lyncoln tinha um rádio que “rodava” para tocar, foi pouco o que ele falou na entrevista mas já deu para ele partilhar uma história, e o primeiro contacto com uma rádio para ele já fica uma memória.

Nada mais a acrescentar ou talvez mais mil e uma coisas por dizer, mas agora vou-me que tenho de ir deitar os meninos…